um breve Adeus



Belo Horizonte, 5 de fevereiro de 2014.

Pai e mãe,



“A felicidade repousa na consciência triunfante de potência e vitória” escreveu Nietzsche.

Sabe, eu acredito nisso. Tenho a consciência de haver reunido o que havia de mais sagrado em mim, meus textos. Manejar uma língua sempre sobre mesmo tema, é um exercício para um louco descabido ou um para dicionarista de sinônimos. Já não caibo em mim mesmo, já não sento a mesa com vocês na hora das refeições, já não consigo escrever. Quando não pude mais dormir aprendi a escrever e escrever já não se sabe se consigo, mim comigo. Tenho pressa. O sol se levanta. Quero ir pra cama. Dormir o sono de um anjo, nas pálpebras caídas de um santo católico que bebeu muita cerveja, não se consegue digno da atenção de alguém que leia. Tenho pressa de ir ao encontro de mim mesmo e não ligo para locuções verbais, como um pára-quedista nas figuras flutuantes de Chagal, o russo. A rainha do céu me chama. Não há nada no chão, onde busquei a mim mesmo. Nenhum pedaço minúsculo de droga que talvez eu haja perdido. que