Ah madrugada feliz!
Como eu te quero!
Como eu te espero!
Ouvi seu grito e vim correndo
Beber a última gota de veneno
que guardaste para seu filho


Ah, Creonte!
vislumbro a divina morte
no horizonte!

Ah como espero seu beijo...

entrevista

Você se referiu ao amor com uma nova categoria "amor inventado”, o que lhe ocorre quando você diz isso?

Lembro da música do Cazuza, mas não é isso apenas.
Certa vez, conversando com o Eduardo Cunha na varanda do edifício Maletta, falávamos sobre música quando ele me disse uma coisa que sempre me lembro e que acho de enorme assertividade.
Ele falou que o cancioneiro popular brasileiro representa nossa filosofia, nosso pensar filosófico de caráter universal, ou seja, serve para todos. Sendo que o Brasil não tem filosofo, eu concordei com ele.
Ele é artista plástico e trabalha no Inhotim – nosso Museu de arte contemporânea.
O cancioneiro popular brasileiro é como o blues man norte americano. Traduz um sentimento particular, geral, universal.
Quanto ao amor inventado, creio que seja mais um conceito criado nessa linha de pensamento, pois, a filosofia é a arte de criar ou fabricar conceitos.


-quais Escritores e Poetas que te inspiram?

Eu tenho um gosto particular pelos marginais. Lembrando que marginal não é estar à margem, mas agregam vários outros conceitos.
Eu comecei gostando dos escritores da geração perdida (lost generation) que foram para Europa quando os Estados Unidos vivia uma época de prosperidade nos anos 1920.
Eu destaco Ernest Hemingway, que descreveu um estado de espírito da lost generation em The Sun also rises.
Os poemas de T.S. Eliot que chegou a negar a cidadania americana pra se naturalizar inglês num ato de rebeldia aristocrática.
O Henry Miller, que também viveu nesse período pós Primeira Grande Guerra.
Eu dou destaque a suas obras Trópico de Câncer, escrita em 1934, Primavera negra, escrito em 1936, no intervalo entre Trópico de Capricórnio que é de 1939. Dou destaque também à sua trilogia Sexus, Nexus, Plexus iniciada em 1949 e finalizada em 1960, quando o escritor já havia se tornado um ícone pop da sua geração. E a sua derradeira obra A Hora dos Assassinos (Um Estudo sobre Rimbaud).
Ele, digamos assim, libertou a imaginação da jovem francesa Anaïs Nin, cujo estilo supera a taxies de Miller ao se revelar de forma tão suave, quase como desvelar um segredo feminil o qual ninguém jamais nunca viu ou teve acesso. Uma mulher fora de seu tempo, faleceu em 1977. Em Delta de Vênus, sua obra prima, ela cria uma tessitura imagética de ideias que vai além da simples pornografia.
Ainda nesse período realço a obra prima de Francis Scott Fitzgerald, The Great Gatsby, que, além de retratar a realidade do seu tempo de abundante prosperidade (até a queda da bolsa de Nova York em 1929) demonstra com detalhes as nuanças do “sonho americano”. Foi o período da chamada lei seca, mas os magnatas que promoviam festas grandiosas regadas a álcool contribuíram com o aumento do crime organizado.
Essa foi minha primeira influência literária. Um tanto americanizada, eu confesso, mas isso se deve ao fato de eu ter concluído o highschool numa escola americana, aqui em Belo Horizonte. Devo isso à minha professora de literatura, Miss Staford.
A segunda fase do meu contato com a literatura foi quando mergulhei na leitura dos autores franceses.
Jean Genet, em Diário de um ladrão me surpreendeu com frases e parágrafos que são pinturas vivas, sinestesia que jamais notei em outro escritor. Apesar de ser, como disse um amigo jornalista Altino Lima Filho, “um passeio pelo código penal”, ao encontrar-se preso na década de 1960, foi retirado da cadeia por um apelo de Jean Coqteau as autoridades, alegando que Jean Genet é um patrimônio nacional
Arthur Rimbaud, que, junto ao litero-filósofo, Friedrich Nietzsche, inaugura uma revolução na língua, não apenas de forma, mas de estilo e ousadia a quem hoje devemos infindável reconhecimento e gratidão, é meu poeta predileto. De Uma temporada no Inferno, se me permite, quero citar:

Antigamente, se bem me lembro, minha vida era um festim no qual todos os
corações exultavam, no qual corriam todos os vinhos.
Uma noite, sentei a Beleza em meus joelhos. - E achei-a amarga. - E injuriei-a.
Armei-me contra a justiça.
Fugi. Ó feiticeiras. ó miséria, ó ódio, a vós é que foi confiado o meu tesouro!

...

Ninguém parte. – Percorramos novamente os caminhos daqui,
carregado de meu vício que aprofundou sua raízes de sofrimento a
meu lado, desde a idade da razão, - que sobe ao céu, me golpeia,
derruba, arrasta.
A derradeira inocência e a derradeira timidez. Está dito. Não
entregar ao mundo meus desgostos e minhas traições.
Vamos! A marcha, o fardo, o deserto, o tédio e a cólera.
A quem me alugar? Que besta é preciso adorar? Que santa imagem
atacar? Que corações destruirei? Que mentira devo sustentar? Sobre
que sangue caminhar?
Mas, é melhor evitar a justiça. – A vida dura, o simples
embrutecimento, - levantar, o punho seco, a tampa do caixão, sentar-se,
afogar. Assim desaparecem a velhice e os perigos: o terror não é
francês.
Ah! Sinto-me tão abandonado que estou oferecendo a qualquer
divina imagem – impulsos para a perfeição.
Ó minha abnegação, ó maravilhosa caridade! aqui em baixo,
embora!
De profundis, Domine, que estúpido sou!

Veja bem, um menino que abandona os Campos Elíseos, no interior da França, promove tal revolução lingüística, deixando para trás o formalismo com que a poesia era tratada, escreve somente duas obras aos dezoito anos de idade – Uma temporada no inferno e Iluminações – depois se torna mercador de escravos e traficante de armas em África setentrional e desponta na literatura mudando os caminhos da história, não poderia passar em vão pelos meus curiosos e atentos olhos.
Muito me aprazem os autores franceses, por seu despudor literário e espírito indutivo. Com Charles Baudelaire, tive a chance de enriquecer minha vivencia literária com Paraísos artificiais e Flores do mal.
Porém, William Blake em seus Provérbios do Inferno me seduziu para sempre.
Voltando para a América, há autores que viveram no período entre a geração perdida e a geração beat que merecem destaque, pois influenciaram jovens escritores e também a mim. John Fante com seu masterpiece Pergunte ao pó, o pó das estantes das bibliotecas, o pó da estrada, o pó da história. Nesse livro ele aconselha como sujeito oculto da narrativa, o seu personagem Arturo Bandini, também jovem escritor, a como viver a vida. Espere a primavera Bandini e 1934 foi um ano ruim, é leitura imperiosa que dispensa comentários.
Charles Bukowski é também de uma sensibilidade incrível, ao contrario do que todos pensam. Em seu Crônica de um amor louco ele demonstra altíssimo nível de compreensão da vida.
Isso desfez o mito criado em Notas de um velho safado e Mocking bird wish me lucky.
Passado esse período de entressafra surgem os autores que viriam a ser chamados Beat.
Jack Kerouac e Allen Ginsberg são para mim o eixo principal do movimento e construto cultural da geração beat. Gosto em particular do livro Sonhos de Jack Kerouac. Há autores que não posso deixar de citar como William Burroughs com seus memoráveis Naked lunch e Junk.
Neal Cassidy integra o movimento com sua única obra O primeiro Terço, onde relata as aventuras vividas ao lado do pai, um trabalhador da indústria ferroviária no estado do Colorado, serpenteando pelas paisagens da América agreste e freqüentando bares e puteiros de beira de estrada. Foi incentivado por Burroughs e Ginsberg a escrever tais relatos. Ele era apenas um menino quando vivenciou tudo isso...
Tendo visto que até então, fiz vasta explanação sobre autores estrangeiros dos quais sofri influência direta, venho ao Brasil dizer sobre aqueles que me seduzem em nossa própria língua.
Oswald de Andrade foi o primeiro autor brasileiro que me encantou profundamente. Seu estilo caótico, bem ao tom dos antropófagos me fez viajar por paisagens inóspitas que jamais esquecerei. Em Memórias sentimentais de João Miramar, fiquei perplexo com a liberdade com que Oswald caminha pelo estilo teatral e faz com que a poesia siga plena de uma nova acepção. Transforma as falas em solilóquios que interligados compõem um romance não linear. Estrela do Absinto também me seduziu ao primeiro contato.
Cabe dizer que o estilo futurista de Oswald se deve, creio eu, ao fato dele haver passado uma temporada na Europa, onde, visto de fora, pode perceber o quanto somos uma nação-criança.
Já na minha geração eu gostaria de lembrar autores como Paulo Leminski, na poesia e Ana Cristina Cesar, que, com seu estilo auto-confessional permeia meus escritos até hoje.
À teus pés, de Ana Cristina Cesar, é um livro para se ler de joelhos.
Mas, somo posso esquecer-me de livros como Demian de Hermann Hesse Cartas a um jovem poeta de Rainer Maria Rilke?
São demasiadas referências para uma pergunta só.
E peço desculpas de antemão por haver-me alongado na resposta. 

para Tina

Querida Tina,                                                        


Hoje sinto tanta saudade.                                    Flerta o abismo
in-fi-ni- to
Quero muito falar para você.                             Em que meu traço flerta
Glória às nossas lutas inglórias.                        Nessa subida em que meu...
Elas vão nos redimir do pecado.                     Já não atento ao fato de ser ao Eu
A vida foi para mim uma descida.                 Compensa ir ao alto crer no que vê
Assim como se faz a tensão da ida.            Uma subida de Sísifu arrependido é...
Não há volta quando se vai ao fundo...  Os ventos levaram meu prelúdio raro... 

Som Imaginário - Matança do Porco (1973)

autohide

Grileiro grilado

Espero que o tempo me ajude a melhorar.
O tempo cura tudo.
Espero que não seja curta temporada.
Gosto de estar vivo.
Mas não consigo mais me relacionar com os ETs.
Acho que me dei por vencido.
O efeito da droga a me atordoar.
Eu sou a culpa e o risco.
Quando tarde demais pra perceber isso, a noite vem anunciar:
“o dia de amanhã é um dia sem
passado.”
Quis muito me esquecer disso.
Milhões de moléculas de poeira pelo ar...
na catacumba do vampiro.
meu sangue corre depressa, meu coração vai disparar!
Preciso acabar com esse texto.
Confesso o que há pra confessar



e me arrependo.



A chuva chegou
Um dia pra aprender com meus erros...
e já me perdoei por isso gostava quando me chamava de neno


troquei a aliança de 
casamento de
minha  mãe por uma dose de veneno

sem dualismo

bem e mal são forma contrárias
que necessitam uma da outra fundamentalmente
se repetem em todas as coisas desafiando as leis da fisicalidade e da metafísica
se repelem e se atraem mutuamente
dissipam-se em diferentes intensidades
mas se reconectam ao Todo
pois,
"quando parte do Todo se ilumina o Todo se ilumina em si"
essa é minha "ótica" sobre a vida e sobre a vida-além da vida, morte-vida, sem dualismo.

somos eternos...







Cala a boca menino

ienhenhenhe

Faz três noites que eu não durmo
eu pensei que eu era um menino bão
eu pulei da escalada, eu te vi no beco
eu saltei de banda, tô aqui de novo.
eu meto fita, eu rodo a navalha,
e tenho as manha do coreldraw
eu sigo, nem ligo
se é madrugada, se faz sol
eu só, eu mesmo, eu mesmo só
sem rima.

comecei a transcrever o caderninho...


Notas de um usuário

Belo Horizonte, 05 de maio de 2013.
Olá, minha gente, já nem lembrava que tinha esse caderninho. Volto a querer viver. Volto de um lugar que foge ao entendimento tátil da existência, volto de uma longa viagem. Volto de onde fisicamente nunca saí.

14 de maio de 2013.
Ainda sigo dentro de mim.

16 de maio de 2013
Hoje escrevi mais um texto para Deus. Uma carta. Sempre não digo tudo que quero. Mas sigo  seguindo as normas da ABNT.O dia já vai clarear e talvez essa seja a fase mais difícil da minha vida. É desumano, mano, viver assim. Fumando óleo de bateria de moto. Mas eu vou conseguir, eu vou conseguir. Sino que sou um traidor de todas as leis naturais do planeta. Mas como não ser? Estou refém, estou adicto, estou escravo, estou aqui. Tentando acalmar o desespero de meus pais que são aqueles que estão mais p de mim, além de mim mesmo. E que me amam. Mas o poder desse barbitúrico, von Bayer, é fuderoso. Mata ou cura. Estou intoxicado. Aqui nesse caderno posso falar a verdade do quanto tenho sido desregrado. Sinais deixaram de ser meros indicativos. Indícios depõem contra mim e me deflagram. (...)