kill the evil

escrever...


Face a face com o amigo


Revendo amigos


Sim, dois mil e treze foi um ano ruim no meu calendário. Passei um arrego doido. Em março tentei o auto-extermínio. Ato desesperado que não penso em fazer de novo. Passei oito dias dentro de um hospital psiquiátrico...
Quando saí fiquei surpreso ao saber que o amor tinha acabado. Eu não vi, ou não quis ver. Fiquei cego.
Soava como uma crônica do absurdo. Parecia que as pessoas falavam grego. Eu não queria entender o que diziam, e por isso além de cego eu fiquei surdo.
O anjo havia aberto o sétimo selo.  O Supremo Criador não aguardou meu arrependimento. 
Ninguém se desculpava pelo desmazelo. Ninguém pedia perdão pela orgia e pelo desregramento. Eu não entendi bem quais eram as regras de um bom comportamento, ou fingia não ter entendido. Foi assim.
Eu não interpretei os índices e sinais do acaso. Eu realmente não contava com isso Eu não previ o abalo sísmico. Tudo estava desmoronando. O meu particular fim-do-mundo.
O término de um relacionamento após uma tentativa de suicídio.
Um cenário insólito, surreal, irreal, bizarro.
Eu não sabia como reagir com o desenrolar dos acontecimentos.
Eu reclamei baixinho. Chorei sozinho no chão do quarto, no tapete atrás da porta. Ouvia Pink Floyd no escuro. Senti-me culpado de ter nascido. Vociferei minha sanha aos quatro ventos e entrei pra dentro de mim mesmo.
Esqueci que o amor foi inventado. Que ele é fogo que arde sem se ver. Um contentamento descontente. É ter com quem nos mata, lealdade.
queria explicar que aquilo foi uma infantilidade. Queria pedir perdão por tudo. Dizer que só queria ser amado. Que eu faria “tudo certo” como 2 e dois são 4. Mas como diz aquela canção do Roberto, de fato 2 e 2 são cinco.

To be continued...          
Vamos ao que interessa. Minha voz é nula. Dois mil e treze foi mais um ano de merda. Depois de tentar me matar nunca mais vi meu amor. Deve ser o castigo por ter desejado a morte. A ansiedade bateu forte no meu peito. Eu que sou um saco cheio de paciência e tolerância, reprimo a pilha de nervos que me assola. A essa hora estou sempre preparado pra desfalecer no leito. Preparo minha cama e aos poucos me ajeito com a tristeza de saber que vou viver mais um “dia da Fuinha”. O medo, o descontrole, o desespero. Nada mais abaixo de zero.

pu.bli.sh.it

O quê que quer eu faça devo agir depressa. São 4 e 42 da madrugada. O que quer que seja me pegou de jeito, mau jeito. uma pequena dor nas costas. Uma energia cruzada que não sei de onde veio. Trato bem as palavras e as pessoas. Delas não espero recompensa. Existe algo na ponta dos dedos. To com delicadeza as teclas. Escrever a Mao me cansa o polegar esquerdo, embora eu goste do desenho da minha letra. Miles não tem pudor de tocar seu trompete. A lua na casa 7, A kind of blue na minha frente. Respiro. Devo respirar, sei que estou vivo. 4 e 57 agora. O 4:44 já passou faz tempo. Como um vento frio da aurora. Respiro fundo novamente. Sinto que o tempo que cruzou ainda cruza. Sei que tenho que escrever depressa, mas ainda não disse nada. Bordando o que não tem importância na ânsia de jogar pra fora. Faço preâmbulos gigantescos e deles acabo e acabo a cabo não dizendo nada. Detesto fazer esses joguetes idiotas. O verbo merece mais respeito. O ruído das teclas delata minha presença. A consciência me afronta, mete medo. Eu nem falei que o Miles tocou round midnight, por que isso não tem menor importância. Eu gosto do tema, conheço as notas, eu nem falei nada até agora. Foda-se o silêncio e passar das horas. Vivo nas horas mortas. E os ratos de esgoto do centro fazem algazarra. Deixamos pra aquelas ratazanas gordas, toda comida que os sustenta.  Pra que situar o leitor das horas que advenho? O dia já nasceu meu medo servidão humana. Sinto não, tenho certeza, a consciência que condena, vem do meu pai na cama. Seu julgo é severo, médico deus.  Quer me meter numa fazenda. Ouvi Stephan Grapelli e Baden Powell, e outra digressão fulera. Samba triste, meditação. Agora o silêncio amanhece falando, os carros, os piados, eu não estou interessado em nada. Desvio de um tapa no espelho. Vale de que vale ser centrado? Não. Ninguém perguntou com eu me senti quando sai do confinamento psiquiátrico e nunca mais vi a mulher que tanto amava. Ainda amo, confesso. Por medo, por meta ou vingança, não descarto, porque caralho ser humano dessa forma? Eu a amo e sinto que ela me ama. Sem saber ao certo o mal que causa. Ser feliz a causa medo um medo in- e eu me fodo corpo geme falta. Existencialismo de merda! E um dia o porquê se levanta, nessa lassidão tingida de medo, eu nuca mais serei o mesmo - iconoclasta de pijama. Passei os dez anos em vão ano passado 12 de dezembro de 2012. Três vezes doze e eu aqui sozinho. Frente? Vamos, ou nada. Hoje fiz contato com uma editora. Lamurias de um viciado. A quem doer, doa. Não me arrependo de quase nada. Marx podia ser o Papai Noel, vermelho puta e uma puta barba. E o que ele fala do amor? Nunca estão a fim de falar nada. Eu teria morrido por ela, meu bem.  Propriedade é roubo, e eu fiquei louco. Não acredite em nada do que digo. Acreditei que sou um mentiroso. E minha alma foi roubada. O ser humano é mau, ela dizia piada mortal psicopata. A alvorada zunzum me atordoa de tédio esperança voadissa, ficou guardada. Não quero mais caixas vazias. Estou afim de mim, de boa, melhor em Dublin do que na praça. Triste dessemelhança. A quem doer doa. Avoa vida, vai... fazendo hora o tempo passa.

Baboom bad moon

Bad News


in Journal Nacionale
Engolidor de facas morre asfixiado ao tentar engolir a si mesmo. As autoridades ainda não sabem informar a origem dos fatos. Apontam a hipótese de que tenha sido coagido, mas não sabem dizer com autoridade "quem é o autor do crime". A outra hipótese indica que tenha sido suicídio, num ato auto-antropofágico e delirante, insano. O corpo do chinês ou indiano, não se sabe, cujo nome ainda não foi identificado, foi encontrado com um joelho e as duas mãos na altura do peito. Os policiais ficaram chocados, “Parecia um boneco”. Antes de o corpo ser recomposto foram feitas radiografias, porém as imagens ainda não foram concedidas. Sempre tão igual, sempre tão conectivo, tão direto.

Francine Albertini diretamente dos subúrbios de Paris
para Colírios Capricho.


É com você Fátima.

Artaud