homem


para aqueles que têm a missão de se libertar "os grilhões do dever" como uma primeira vitória no caminho para tornar-se homens livres.




Pedro,

Você que é um conhecedor das representações semióticas de Deleuze, em estágio avançado, saberá o que estou dizendo.
Passei um período de tempo sendo, o que Artaud chamou de “corpo sem órgãos”. Conceito... o que, afinal, é o conceito de um conceito?
O conceito é senão um signo algo que qualifica, sugere por sinais um sistema de representações múltiplas e nelas aponta, revela, declara, afirma outra apreciação da vida. O conceito de “um corpo sem órgãos” é um estagio de gravitação entre o poder dominador e/dominante do pensamento e a existência em outros planos. O ser em si mesmo como sujeito pensante.
Onde habitam as outras facetas da existência? Talvez não conheçamos realmente aquilo que abriga em si o verdadeiro conceito de existir, ser.

“Como? O homem seria tão-somente um equívoco de Deus?
Ou então seria Deus apenas um equivoco do homem?”¹


Acontece de sermos aquilo que não é. Aquilo que nos pensávamos ser. Acontece de nos tornarmos algo que, sem ver, que coexiste num plano que não se verifica in loco, mas abstratamente. Acabamos por não existir no plano de imanência, senão em outro platô que comporta a transmissão, a arena basilar de signos.
Paradoxalmente, além de não orgânico, o corpo sem órgãos é sagrado, mágico, espiritual, não existe corpo sem espírito, nem espírito sem corpo.
A “carne do espírito” princípio monista. unidade corpo/espírito que é um dos princípios da Etnocenologia. A concepção monista corpo/espírito pode levar a uma metafísica de sublime interpretação lógica.
veja, a metafísica é primordial para a concepção das ideias. As manifestações metafísicas se concebem como união e unidade do concreto com o abstrato, sendo uma prolongação ou ressonância recíproca da física. É uma prática monista, sem rupturas, como é a prática de nossa poética invisível.
Esta dimensão metafísica transcende o fato de ser somente um corpo, colocando-se diretamente em contato com o espírito e com o inconsciente.


“Os poetas são imprudentes com as próprias aventuras — desfrutam-nas.”²


Tornei-me escravo da não existência no plano cibernético. Criei ad infinito um rasto de que somente é ou foi. Registro autobiográfico de um corpo cuja alma um dia chorou.
                                                                                                

“Amo aquele cuja alma transborda, a ponto de se esquecer de si mesmo e quanto esteja nele, porque assim todas as coisas se farão para sua ruína.”
³



¹ ² Além do bem e do mal
³ Assim falou Zaratustra



Nietzsche

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