arrivederte bambini, esperando a primavera...

Vou dizer, mas é preciso apanhar um bom e último fôlego, para realizar tal façanha. Hoje foi um dia e tanto, diferente dos outros. Ontem foi a madrugada mais terrificante que já andei passando. Olha que passei várias, nem o digo o quantas. Quanto medo esteve onde eu era em mim, eu, um-não-gustavo.
Hoje passei por umas boas e pouca, em especial, como não esperava. Estou sendo conduzido a um hospital psiquiátrico, pra onde eu próprio poderia levar-me, digna e conscientemente, como faria o velho Gustavo. A determinação é causa irrevogável: apagar a delegada.
Em outras palavras: ser internado. Afastar-se da possibilidade do uso da “maldita” como dizem na gíria. Entregar-se a uma desintoxicação da substancia química. Ficar em reclusão. Permanecer em reclusão. Tomar vários remédios. Tantos mas nem vários, muitos talvez. Passar muito tempo pensando, parado, contando cada segundo, que, diferente de agora, que corre feito uma lebre, com resistência implacável e se impulsiona com hostilidade de um cavalo de corrida. “Pra matar o tempo é preciso alcançá-lo” como dizem os que nascem na Birmânia.
O negocio é que não ter tempo é a maior bosta desse mundo. Como diria o sábio Confúcio “escolha um trabalho que você gosta e nunca precisara trabalhar”. Eu admiro isso tanto como também admiro os artistas do iluminismo, que mataram Deus, e revolucionaram o pensamento humano. Na verdade não foram os primeiros, desde a antiguidade só se trabalhava apressado por pressão alheia. Pela própria vontade cada um determinava seu próprio cronograma, sem culpa de não ser “igual a todos” “o mesmo” “no mesmo horário”. Descartes nunca na vida acordou antes do meio-dia, não que se teve registro. Até no exército foi poupado. adoeceu quando o navio chegou no porto. Esse que iria leva-lo para ensinar filosofia a uma princesinha da Noruega. Um país gelado por natureza e uma princesa burra feito égua, matou o primeiro pensador relevante da nossa filosofia moderna.
portanto aguente mais um pouco e continue lendo. Já chego ao ponto. Onde desejo, mas às vezes ou nem sempre alcanço. jamais ou quase nunca. É sempre tenso, angustiante. e prazeroso ao mesmo tempo. a contiguidade é mais possível.
Mas “nunca” existe mesmo?, assim como “pra sempre”? é uma quimera, uma utopia, uma palavra, um signo, uma esperança, uma crença, ou ode ser que aconteça, feito um milagre do Cristo?
Presumo qualquer coisa. Alguma coisa qualquer. que colapsou de cansaço. Que não chegou ao ponto. Que morreu na ida porque pensou na volta.
vou inverter a ordem desse conto e colocar fim no começo. Isso é que causa angústia. Não chegar onde quer. O mal de mim, um próprio que me diferencia. Sou um noiado perfeccionista. Talvez nada pragmático, ou talvez muito. Devo saber aonde ir. por onde e como. Como todos nos fazemos. Assim supostamente seria escrever algo, mas apesar da escrita ser uma das poucas coisas presumíveis, isso na acontece.
queria narrar cada minuto que venho vivindo, pois vida minha minha vida virou uma novela. Uma tragédia com sarcasmo cômico ou uma comicidade trágica. Tipo “morreu de febre, mas morreu alegre, com tantos risos no calor do momento”. Como disse pra francielle quero deixar de ser príncipe do meu corpo, a única geografia que domino. Quero ser rei do meu castelo.
pra conseguir essa façanha devo fazer algo que não sei ao certo. Esperar que o rei morra? Lutar a batalha da abstinência? Deixar de ser prolixo?
ontem tive certeza de que fiquei doido. Doidice, como falam, não aceita apropriação.
devia fumar minha droga pra não em sentir tão fissuradão. Fumar pedra dentro do quarto enquanto esperavam la fora. Pra ir pro hospital tentar parar de fumar droga. Que merda de droga ou vice-versa, de vida é essa? Que minha co-lega de útero pensa que pode chegar e meter o terror “vamos nessa” tenho que ir cinco horas. Queria arrumar meus lixos, minha poeira de pedra, meus restos de cabeça-quebra, o resto que ainda falta. O chão as milhares de coisinhas que tenho e me sentir, somente. Somente sentir que não fui tirando de uma compulsão lasciva que tal como de fato seja e ser levado porque melhor seria algemado no camburão da dor. Compaixão com os mano, nada. Só pra falar no face, levei meu pequeno n pá e voltei a tempo da novela. Como eu sou compassiva. Como eu sou eu sou. Arrumei meu quarto varri debaixo da cama. Eu me amo mano, mana, não me olhe desse jeito. Vai pro inferno porque céu na terra é tudo igual do mesmo jeito igualmente lamento que eu tenha alcançado fazer tudo que quis. O quarto arrumado em 2 tempos e guardado os artefatos rupestres, como quem guarda a si que um dia se largou. Na poeira, na estante do tempo, e quase que o vento, quase que me levam sem- sem- sem- sem esse pequeno gesto de amor do próprio, do orobós. Como eterno retorno a si mesmo o rabo comendo o cachorro. O verso incerto pensa, o certo inverta. Diz meu bom... meu pai velho safado, me fala tudo ao cubo que redobra em dizima e resulta em dizima. Que sou mentiroso. Minto em braile, minto tanto minto inclusive em esperanto, mas concluo de tudo, que nada pode ser o mesmo, o inverso também é dizível, se nado-tuda na vida vadia vodca catedralesca que a tristeza é a maior mentira da alegria e a mentira da alegria é a vida.
Sinto-me cansado, como de costume, mas exausto por conta do estresse que passei somado ao que tenho passado.
Agora eu vou mesmo. Não tenho tempo. Tempus fugit, de profundis. Até logo, adeus. fiquem consigo. Cuidem-se bem. E leiam, escrevam, acordem e durmam bem! Comam e bebam e sigam em frente. Até masi ver...


Arturo Bandini, da Babilônia
para G.A.P. do Egito     

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